A VIDA NUM GER

O ger é o centro de toda a atividade de uma família da Mongólia rural. Serve de quarto, sala, cozinha, templo, oficina para as reparações necessárias e é o local onde são produzidos os laticínios e se secam as carnes, que fazem parte da dieta diária dos mongóis.

É nele que as mulheres acordam pela manhã e acendem o fogão de lenha, que aquece o interior e lhes permite cozinhar as refeições, acordam os filhos e vestem-nos para mais um dia na estepe. É nele que o homem da casa se prepara para ir buscar os cavalos ou os rebanhos de ovelhas e cabras, que podem andar a monte a vários vales de distância. É no pequeno altar que está no seu interior que estão dispostos os objetos de oração budista e a imagem do Dalai Lama, bem como as fotos da família, muitas vezes deslocada e que só se reencontra uma vez por ano, no verão. Também é no interior do ger que as visitas são recebidas. Sempre bem recebidas. E entram sempre sem bater à porta, seria indelicado fazê-lo doutra forma por estas paragens, traços bem marcados de uma cultura incrivelmente hospitaleira. Há sempre comida e bebida para oferecer a quem chega, que pode vir de longe, por terras que têm tanto de belo como de inóspito, e pode precisar de recuperar energias.

O ger, ou aquilo que lhe deu origem, remonta a tempos ancestrais, muito anteriores aos de Gengis Khan, tendo evoluido desde há cerca de 3000 anos, da forma de tendas cónicas até aquilo que é hoje. Feito de madeira e feltro, e revestido a uma tela de lona, geralmente branca, oferece aos mongóis a proteção térmica que precisam para lidar com as baixas temperaturas de inverno, que podem descer aos -40º C e protege-os confortavelmente dos ventos siberianos, com a sua porta sempre voltada a sul. A engenhosa construção, para além de oferecer a proteção contra os elementos, permite-lhes desmontá-lo em menos de uma hora e movê-lo para a nova localização, montando-o ainda no mesmo dia. E, por curiosidade, pesa cerca de 250 kg e consegue ser totalmente transportado, com todo o seu recheio, apenas por um único camelo!


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